(...continuação)
1 Pós-colonialismo e
interculturalidades regionais
Contemplar a teledramaturgia brasileira no contexto da globalização, implica em considerar a sua evolução no contexto da produção cultural dos anos 1970 e 1980 inevitavelmente este fenômeno remete ao enfrentamento do chamado imperialismo cultural, ou seja, uma configuração histórica e sociopolítica e cultural marcada pela hegemonia norte-americana. As telenovelas e as minisséries se inscrevem como uma modalidade de manifestação artístico-cultural que apresenta expressões de resistência face ao chamado “colonialismo”. Se por um lado – como querem alguns - consistem em modulações regressivas da indústria cultural local, por outro lado, ao longo de seu desenvolvimento histórico, a ficção televisiva passou a se constituir num exemplo de uma
“moderna cultura internacional popular de massa”. Logo, as minisséries brasileiras, há mais de 20 anos, têm contribuído para a configuração do que alguns autores filiados à tradição dos estudos culturais têm chamado de pós-colonialismo. Isto é,
após séculos de “dependência”, passando de metrópole em metrópole, conquistamos uma
especificidade no contexto das culturas híbridas da América Latina que distingue uma
particularidade no contexto das Américas. Já podemos reconhecer um repertório importante de minisséries que ratificam essa idéia de resistência, mediação e negociação
dos telespectadores, face aos produtos da indústria de Hollywood e também com relação
às modalidades das indústrias culturais locais. Neste contexto têm-se expressado
modos de interculturalidades vigorosos tanto com relação às configurações simbólicas
da América do Norte e da América do Sul, quanto num nível interno, no que respeita
às trocas no contexto da América Latina e também no que concerne às interfaces
culturais do Brasil. É por essa via que podemos entender o valor simbólico das narrativas
ficcionais brasileiras e muitos estudos já têm demonstrado o valor deste gênero televisivo,
principalmente no que se refere às telenovelas. E, no que concerne às minisséries,
ainda temos uma produção teórica incipiente, mas que têm buscando explorar essa
modalidade de ficção. Os livros de Balogh (2005) e Lobo (2000), os textos de Kornis
(2001), Caten (1995), Brito (2004), Hoeltzet al (2004), entre outros, são trabalhos de fôlego que, partindo de bases epistemológicas distintas, procuram compreender este gênero, como parte constitutiva do ethos brasileiro.
(continua...)
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