quinta-feira, 28 de julho de 2011

H I S T Ó R I C O 6

(...CONTINUAÇÃO)
MINISSÉRIE


Minissérie é um folhetim televisivo semelhante a uma telenovela, porém de curta duração. Difere-se dos seriados principalmente por ter número de episódios previamente estipulado e por seguir sempre um enredo.
Contemplamos as minisséries brasileiras, uma modalidade de arte tecnológica, que resulta de um trabalho de pesquisa rigoroso. Consistem numa modulação de narrativa seriada, em que a realidade histórica, social e política se mesclam com a imaginação ficcional, dando visibilidade aos paradoxos e complexidades nacionais. Além disso, estabelecem um “espaço público eletrônico”, com o qual os indivíduos e grupos se identificam, se reconhecem e isto acentua os seus modos de intersubjetividade e sociabilidade. Desde Lampião e Maria Bonita (1982) até Amazônia - De Galvez a Chico Mendes (2007) temos a criação de um universo simbólico em que confluem a memória histórica e as mitologias que estruturam o imaginário nacional.
As telenovelas da Rede Globo inauguraram um estilo de arte tecnológica, que se expandiu nos anos 1970, através de um dispositivo institucional (EMBRATEL, Empresa Brasileira de Telecomunicações), contribuindo para realizar a chamada “integração nacional”. Nos anos 1980, as minisséries brasileiras aprimoraram esta modalidade de teledramaturgia, a partir dos anos 1980, no contexto de uma sociedade, que, saindo de uma ditadura militar, em ritmo acelerado de modernização industrial e tecnológica, pode se reconhecer a partir das histórias rurais, urbanas, históricas, mitológicas. Sendo em sua maioria baseadas em obras literárias, consistindo num formato mais curto, fechado, (diferentes das telenovelas, obras abertas, que sofrem alterações ao longo de sua produção e exibição), as minisséries conquistaram o seu lugar junto ao público e à crítica especializada, primeiramente porque resultam de um trabalho de pesquisa rigoroso com inteligência e sensibilidade que atrai uma importante diversidade de público; depois porque tece uma modulação específica de narrativa seriada, em que a espessura da realidade histórica, social e política se mescla admiravelmente com a imaginação ficcional, concedendo visibilidade aos paradoxos e complexidades regionais e nacionais; finalmente, as minisséries são relevantes porque têm assegurado o seu lugar no mercado internacional da ficção pela maneira como propicia a representação dos homens e mulheres reais no contexto da televisão, tocando a sensibilidade e as camadas mais intimistas dos atores sociais e forjando uma espécie de cidadania virtual que não pode ser negligenciada.
A Rede Globo foi a pioneira nesse gênero no Brasil, lançando Lampião e Maria Bonita, escrita por Aguinaldo Silva e Doc Comparato e dirigida por Paulo Afonso Grisolli, que foi exibida em 1982 e teve oito capítulos. A partir de então, as minisséries nunca mais saíram de cena. Antes disso, porém, já se exibiam minisséries, só que eram geralmente produções norte-americanas dubladas, como Raízes e A Maldição. A Rede Manchete, em 1984, também lançou uma produção nesse formato, Marquesa de Santos, que foi também sua primeira experiência em teledramaturgia.
(CONTINUA...)

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